Macabéa
Começou a viver como se fosse gente. Um alguém que queria ser, mas a
mudança não veio assim. Para uma pessoa incompetente não pode ser assim.
Macabéa viu carros passarem na
rua asfaltada, com motoristas cujos pescoços ela mal via, já outros via até
seus ombros. A sua frente a rua se estendia, sua mão se movia como se segurasse
algo e girava, seus cabelos voaram dos ombros.
A coitada se imaginava num carro, cercada
por perfume que vinha de si.
Ela não tinha carteira de motorista, porém,
seu futuro marido rico, deveria ter carro! Como seria dirigir? É chato, com
sinais e pessoas lerdas como Macabéa no volante, mas ela não sabia disso. Não
sabia que se dirigisse ouviria tantas buzinadas! De ouvir? Ela ia ouvir a Rádio
Relógio enquanto via prédios passarem em seu lado.
Decidiu-se sem decidir-se. Porque ela não
sabe se decidir, já ouviu tal palavra, usou-a até, mas não sabia como a ação
seria.
Um pé
a frente do outro, sentiu peso inexistente nas mãos, as levantou, cotovelos
rente ao corpo e o peso como a mulher que a fez mudar o olhar de direção. A
mulher carregava sacolas de compras, uma mãe de família que mostrava os de
dentes num arco.
Usou os dedos indicadores para empurrar as
maças do rosto para cima repuxando os lábios. Um sorriso (com dentes feios e
sem emoção, coitados!).
- Até
parece que um estrangeiro se apaixonaria por você!
A cara da Glória representa a de pessoas
invejosas.
Macabéa se surpreendeu ao passar essa palavra
pela sua cabeça. Ouvira em uma música.
O dia que ela esperava chegara meio do mês,
Seu Raimundo a chamava e lhe deu o salário.
Levou os dedos aos lábios e molhou-os, vira
um contador o fazê-lo, o dinheiro passou de uma mão para a outra a contagem que
ela não fazia antes. O sol não brilhava mais no céu, porém um brilho se
transparecia de Macabéa.
Fiquei até sem palavras. Ela estava
completamente diferente.
Movimento suas pernas até um lugar que ela também
não ia (explosão) loja de roupas.
Seus dedos passaram pelos tecidos diferentes,
sozinha. Olímpico preferiu Glória por causa das roupas!
Macabéa
pegou um vestido, encostou-se à sua maciez, perto de seus olhos e o cheiro
(explosão) precisaria de um perfume.
Tirou o dinheiro do bolso e deu para a caixa
que sorria feliz por Macabéa ter comprado algo, - feliz por ela está indo
embora!
Quem
iria querer uma pessoa como essa em sua loja? A caixa estava feliz por nem ter
precisado atendê-la. Joelho se afastando de joelho, lábios repuxados para cima,
dentes a mostra.
Olhando para o céu (explosão) descobriu que
não há arco-íris sem chuv
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