terça-feira, 4 de outubro de 2016

Neide Lorrayne e Gabryela Bringel 33.03

                                                               Macabéa
     Começou a viver como se fosse gente. Um alguém que queria ser, mas a mudança não veio assim. Para uma pessoa incompetente não pode ser assim. 
       Macabéa viu carros passarem na rua asfaltada, com motoristas cujos pescoços ela mal via, já outros via até seus ombros. A sua frente a rua se estendia, sua mão se movia como se segurasse algo e girava, seus cabelos voaram dos ombros.
        A coitada se imaginava num carro, cercada por perfume que vinha de si.
        Ela não tinha carteira de motorista, porém, seu futuro marido rico, deveria ter carro! Como seria dirigir? É chato, com sinais e pessoas lerdas como Macabéa no volante, mas ela não sabia disso. Não sabia que se dirigisse ouviria tantas buzinadas! De ouvir? Ela ia ouvir a Rádio Relógio enquanto via prédios passarem em seu lado.
       Decidiu-se sem decidir-se. Porque ela não sabe se decidir, já ouviu tal palavra, usou-a até, mas não sabia como a ação seria.
        Um pé a frente do outro, sentiu peso inexistente nas mãos, as levantou, cotovelos rente ao corpo e o peso como a mulher que a fez mudar o olhar de direção. A mulher carregava sacolas de compras, uma mãe de família que mostrava os de dentes num arco.
       Usou os dedos indicadores para empurrar as maças do rosto para cima repuxando os lábios. Um sorriso (com dentes feios e sem emoção, coitados!).
        - Até parece que um estrangeiro se apaixonaria por você!
       A cara da Glória representa a de pessoas invejosas.
       Macabéa se surpreendeu ao passar essa palavra pela sua cabeça. Ouvira em uma música.
       O dia que ela esperava chegara meio do mês, Seu Raimundo a chamava e lhe deu o salário.
      Levou os dedos aos lábios e molhou-os, vira um contador o fazê-lo, o dinheiro passou de uma mão para a outra a contagem que ela não fazia antes. O sol não brilhava mais no céu, porém um brilho se transparecia de Macabéa.
       Fiquei até sem palavras. Ela estava completamente diferente.
       Movimento suas pernas até um lugar que ela também não ia (explosão) loja de roupas.
     Seus dedos passaram pelos tecidos diferentes, sozinha. Olímpico preferiu Glória por causa das roupas!
      Macabéa pegou um vestido, encostou-se à sua maciez, perto de seus olhos e o cheiro (explosão) precisaria de um perfume.
     Tirou o dinheiro do bolso e deu para a caixa que sorria feliz por Macabéa ter comprado algo, - feliz por ela está indo embora!
      Quem iria querer uma pessoa como essa em sua loja? A caixa estava feliz por nem ter precisado atendê-la. Joelho se afastando de joelho, lábios repuxados para cima, dentes a mostra.
       Olhando para o céu (explosão) descobriu que não há arco-íris sem chuv
                                                                                                                 

                                                                                                                                   

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